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Jogo de damas

março 21, 2016

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No jogo de damas todas as peças, brancas e pretas, possuem o mesmo valor. O jogo corre para que o adversário leve uma de suas peças até a linha final do outro, o que faz com que essa pedra igual a todas a outras seja empoderada de valores maiores, recebendo sobre si o símbolo duplo de seu ganho. Ao chegar lá, a peça chamada dama será agraciada com poderes que permitem a sua transição pelo tabuleiro livremente, não se restringindo ao antes andar casa por casa. Ganha quem comer todas as peças do outro. Por outro lado, no xadrez as peças possuem pesos não igualitárias. A figura do rei e da rainha já diz muito deste mundo de submissão à nobreza. Peões saem em linha de frente, abrindo espaços para cavalos, torres e bispos. Um tabuleiro de desigualdades que deve ser compensado pelas estratégias dos oponentes.

A democracia sugere um jogo de damas. O cidadão, elemento do povo, este detentor da razão única da democracia, deve ser uma peça de igual valor para todos. O sufrágio universal atinge essa premissa. Uma mulher, um homem, um voto. O que muda então? Quando um membro desse povo alcança a última linha do tabuleiro e se eleva ao poder de correr sobre as casas da maneira que lhe convier, arrasando os seres antes de igual valor, e levando o jogo do oponente ao prejuízo total. A democracia não sugere um jogo de xadrez. Não deve ser assim de forma alguma. Nunca funcionará se dessa maneira for arregimentada pelos seus partícipes.

Um estado composto por poderes que transforma os antes iguais não sobrevive ao desequilíbrio dos lados. Ou se tem um triângulo equilátero ou nada será possível. A paz surge num tabuleiro vazio. Quando as peças começam a ser colocadas em suas casas, os ventos deixam de ser brisas tropicais. Assim que o jogo começa, alguém deseja ganhar. E o desejo se tornará insaciável.

Fábio Gomes

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